Tecnologia já é considerada chave na pecuária
Os países importadores de carne estão apresentando exigências mais rigorosas sobre a origem da proteína e a rastreabilidade do gado pode dar ao Brasil uma vantagem competitiva. Ao indicar a origem do animal, os produtores agregam mais qualidade e segurança, além de viabilizar o monitoramento do impacto ambiental que a produção pecuária causa.
A tecnologia para monitorar em tempo real o animal, bem como a sua saúde e outros indicadores de qualidade de vida, já existe. Em artigo, Werter Padilha, CEO da Taggen Industries e Services, explica que a Internet das Coisas (IoT) é a chave para acompanhar a vida do gado, desde o seu nascimento até sua fase adulta.
Equipar sensores nos animais e conectá-los à nuvem é fundamental para a coleta de dados em tempo real, obtendo informações sobre o habitat, bem-estar, crescimento e peso, cuidados no transporte e, até mesmo, condições de armazenamento da carne. As informações devem estar registradas em bancos de dados, disponibilizadas de forma certificada e acessível a todas as partes envolvidas na cadeia produtiva.
Conectividade é desafio
O maior desafio da rastreabilidade é a conectividade no campo. Longe dos centros urbanos, a rede celular raramente é uma opção para conectar os sensores. Uma sugestão é usar beacons, que são dispositivos que se conectam por tecnologia Bluetooth low energy (BLE) e podem suportar o ambiente rural consumindo pouca energia, o que representa maior longevidade operacional. Conectados a gateways, aparelhos ligados à Internet que fazem a comunicação dos beacons com plataformas na nuvem, os desafios do campo podem ser superados.
Casos de uso com diferentes tecnologias também estão sendo testados. A Marfrig, por exemplo, vai investir R$ 100 milhões em programas de rastreabilidade individual do rebanho bovino. Já a unidade Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), já está testando uma tecnologia de rastreamento em tempo real dos animais indoor e nos piquetes outdoor.
Independentemente da tecnologia utilizada, a rastreabilidade das condições de criação de gado vai agregar valor à produção de carne brasileira. O produtor poderá disponibilizar aos investidores e consumidores uma série de dados, garantindo que o seu produto foi criado nas condições sanitárias e de manejo indicadas por órgãos brasileiros e internacionais.